terça-feira, 31 de julho de 2012

Brinquedo-Conforto!

 

A designer americana Wendy Tsao teve a ideia de usar os desenhos dos pequenos para criar brinquedos artesanais personalizados depois de se tornar mãe. "Quando meu filho entrou no jardim de infância, a escola pediu para os pais enviarem um brinquedo-conforto. Não quis correr para uma loja e resolvi costurar um bicho especial para ele. Decidi fazer seu autorretrato, que ele desenhava diariamente com olheiras enormes. Quando acabei, meu filho imediatamente se reconheceu", diz. Wendy hoje costura animais, bonecas, sereias e outras formas caprichadas par crianças, sempre com incrível semelhança com os desenhos iniciais. Cada um demora até dois dias para ser concluído. O sucesso é tão grande que lea mal tem dado conta das encomendas - já tem uma lista de 560 desenhos.

 

Carolina Bergier - Vida Simples - Julho 2012 - Edição 120

 

Puxa! Como eu queria ter meus desenhos de infância! Quem sabe eu reconhecesse meu brinquedo conforto, e ficasse mais tranquila nas TPM´s...... Huahuha

Adorei a idéia! Acho que vou aprender a costurar e fazer a versão brasileira!

 

http://www.childsown.com/


Moedas!


Seu Zio é um sábio! Levarei a história dele no coração, até que ele não exista mais....

Dedico esse post, ao amor da minha vida: Urso beiçudo do Oeste!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Aprenda a dormir


APRENDA A DORMIR

"O sono é para todos os homens como o dar corda a um relógio!"

 

A frase do filósofo alemão Arthur Schopenhauer é auto-explicativa. Mais do que descansar, dormir bem é renovar as forças do corpo e da cabeça. Para o psicólogo americano James Maas, sono é necessidade, não luxo. Em seu livro O Poder do Sono, Maas descreve as regras de ouro para se ter uma boa noite: durma o número de horas necessárias, estabeleça um horário regular de sono, tenha um sono contínuo e compense o sono perdido. " Para cada duas horas de vigília, acrescete uma hora de dívida ao seu saldo de sono - isto é, são necessárias oito horas de sono para recuperar 16 horas de atividade acordado." Para conseguir dormir como uma criança, ele sugere manter o quarto escuro, silencioso e fresco e reduza o estresse ao máximo possível. Mesmo que vocês esteja precisando dormir, a ansiedade pode impedi-lo. Antes de ir para a cama, ponha suas inquietações por escrito. Deslique a tevê ou o computador duas horas antes de ir para a cama. Tome um banho quente antes de se deitar. Ler na cama também ajuda a cair no sono!"

 

Danielle Brito - Gazeta do Povo

Sempre dormi muito bem! Sabe tipo aquelas noites em que você deita, dorme e acorda do mesmo jeito! Mas, sempre há uma etapa na nossa vida em que as noites bem dormidas vão ficando difíceis! Filhos, Faculdade, Novo Endereço, Preocupações etc...

As minhas noites ficaram difíceis desde que deixei a casa dos meus pais... Acho que é aquele lance de responsabilidade sabe? Quando você sabe que não serão mais eles que velarão seu sono! Não vou desmerecer meu Namorido, afinal saí de casa para morarmos juntos! E ele cuida muito bem de mim, obrigada! Mas,  minhas noites se tornaram bem diferentes! O barulho da rua durante a noite, sim nossa rua é um point no centro da cidade de encontros etílicos...; o barulho dos vizinhos do prédio de noite, de madrugada, de manhã...; nossas cachorras choramingando de medo dos fogos...; de repente me vejo tendo que levantar às 3h da manhã para usar o banheiro... Nunca tive isso! Noites de insônia, quando tenho que tomar uma banho de madrugada pra ver se ajuda a pegar no sono, tomar um chá.... Noites de querer dormir e não poder, quando o barulho incomoda e não há chuvinha no Ipod que me faça dormir...

E ultimamente, algo me tira o sono, algo novo... O ronquinho do meu amor.... ahauhuaua é pra acaba né? Quero as noites de criança de volta... quando a gente dormia no sofá e acordava na cama ... inexplicavelmente.. ou quando acordava de manhã, sem travesseiro, dormindo com os pés na cabeceira... e a noite tinha sido ótima! Quero um sono blindado... onde nada possa ultrapassar a barreira até as 8h da manhã! E um ronquinho a toa assim.. do amor da gente... não nos obrigue a  mudar de quarto!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Ferida Sagrada



Ferida Sagrada

E que fazer com a dor excruciante sentida no processo de desmoronamento? Ela vai ficar ali, para sempre. E vai se tornar o que alguns terapeutas chama de "ferida sagrada". A partir dela, poderemos nos tornar solidários com quem passa pela mesma dor. Mais que isso: os mitos gregos nos ensinam que também vamos adquirir o potencial de curar quem prova o mesmo sofrimento que experimentamos. Quíron, o centauro que ensinou Esculápio, o pai da medicina, a trabalhar com ervas e poções, tinha uma ferida que nunca curava. É engraçado: o grande mestre das ervas medicinais, ele próprio, tinha um corte que não sarava. Mas era exatamente essa ferida que dava a ele o dom da cura. Quíron é o que chama-se de um curador ferido. A partir de sua dor, podia compreender e curar a dos outros.

Quando tudo se desintegra, somos submetidos a uma espécie de teste, e também a certo processo de cura. Achamos que o sentido está em pensar no teste e superar o problema, mas a verdade é que muitas situações não têm solução definitiva. Elas se compõem e se desmoronam. E mais uma vez se compõem e se desmoronam. É simplesmente assim que funciona. O processo de cura ocorre ao existir espaço para que tudo aconteça: espaço para o pesar, espaço para o alívio; para a angústia, para a alegria. A dor da ferida sempre estará lá, assim como as outras dores que virão. Não precisaremos tanto nos proteger, porque já teremos a sabedoria de que não podemos nos esconder do sofrimento causado pela vida. Ele vai vir, de um jeito ou de outro. Mas, com o coração mais vulnerável e exposto, com o corpo mais relaxado e a alma mais tranquila, passaremos por ele de maneira totalmente diferente.

Indicações de Leitura!


Manual do Frila - Maurício Oliveira, editora contexto.


Política para Não ser um Idiota - Mário Sérgio Cortella e Renato Janine Ribeiro, Editora 7 Mares.

Vida Simples - Frilândia para profissionais liberais!


"Muitos profissionais liberais de diferentes áreas vêm preferindo a dura calçada do CNPJ próprio ao teto com telhado de vidro da CLT. Existem muitas vantagens em ser freelancer, ou frila - que podem se converter em perrengues rapidinho. Basicamente há duas variantes da estação frilândia: pijamismo x caramujismo.  No pijamismo por exemplo, depois do almoço você pode respeitar seu metabolismo e tirar uma sesta em lugar de ficar no computador fazendo 'tufta' (expressão russa que designa fingir trabalhar!). Na frilândia não tem 'tufta', claro, você pode passar o dia inteiro enrolando, mas estará enrolando você mesmo, já que não tem chefe: você tem clientes. Tem prazos, deadlines e projetos que dependem de sua hailidade para gerenciá-los. E aí começam alguns perrengues: você é seu gestor, seu contador, seu motoboy.  Ser frila exige muita disciplina, pois você não terá mais 13º salário, bônus, beneficios de convenio médico e previdência; por não ter emprego fixo, é sempre olhado com desconfiança ao pedir financiamento; suas férias devem ser programadas tendo em vista os trabalhos encomendados; todos os gastos com telefone, internet, luz etc. serão contabilizados no seu bolso. O pijamismo por exemplo, pode matar um casamento. A patroa sai e você está lá, de calção e camiseta velha, em frente ao laptop, costurando para fora. Ela volta e você lá. Ela (ou ele) vai jantar, dormir, ver um filme, ouvir música, chamar os amigos para um vinho - e você lá, zero glamour, vagamento parecido com a decoração da casa, criando musgo. É que frila não tem horário - e sua mulher marido) talvez tenha. O casamento, suficientemente acossado pelos demônios da rotina, não resiste a essa desgovernada exibição de solteirismo laboral. Todo recém frila pode adorar a liberdade de não ter horário, de esticar os almoços até os jantares, de ver em plena terça-feira um Barcelona x Real Madrid - e depois, por que não, pegar um cineminha com as vovós. Só que isso implica em ter que trabalhar num domingo, num feriado, e pouco a pouco desviar-se da agenda das pessoas organizadas com quem você se relaciona - o risco de cair em um autismo social.

Para combater o pijamismo existe o caramujismo. É acordar, tomar banho e vestir-se para o trabalho, colocar a mochila com laptop, livros e papéis nas costas, pegar a bike ou a scooter e sair de casa - mas, a cada dia, o trabalho é em um endereço diferente. Há cada vez mais cafés que abrem seu wi-fi para a conexão dos trabalhadores ambulantes. Durante a tarde, esses espaços ficam vazios, então é jogo deixar os frilas ocupando as mesas, mesmo que só paguem um único café o dia todo.

Há tentações: os prazeres do açúcar, da cafeína, da rua, os amigos a interromperem seu trabalho. Por isso é que, fazendo um upgrade no caramujismo, muitos frilas aderem a um dos diversos planos de coworking, que são espaços com todo tipo de plano para quem passa pouco ou muito tempo, com um fixo razoável para as despesas com comunicação. Outra opção é o caramujo se juntar a seus iguais e rachar uma casa para levantar um escritório. Sai mais barato, e pode ser um espaço importante depois de tanto tempo de solidão na estação frilândia.

Quando a cultura da interrupção volta a cercar os espaços do frila, ele lança mão de sua arma secreta: o headphone."


Ronaldo Bressane - Rumo à estação Frilândia - Revista Vida Simples - 07/12.

Adorei este texto muito bem escrito na revista Vida Simples de Julho deste Ano! Deixou o assunto leve, com cara de crônica! Dei muitas risadas e não pude não compartilhar! Ainda não sou uma "Frila", mais acredito que em breve serei... É possível que carregue bem mais que um laptop..  E com certeza, serei adepta do Caramujismo, e haja Headphone!

Vida Simples - Motivo Fútil

"Motivo fútil, eu sei. Toda gota d'água é fútil: cai e derrama tudo, rebenta os motivos mais profundos que boiavam represados..."

Ronaldo Bressane - Rumo à estação Frilândia - Revista Vida Simples 07/12.

domingo, 22 de julho de 2012

Viagens!


Costa Amalfitana


 

Em menos de uma hora de viagem, a apartir de Nápoles, chega-se ao Sorento, cidade de onde parte a lendária estrada Costiera Amalfitana, que serpenteia um dos trechos litorâneos mais concorridos da Europa. São cerca de 60 quilômetros até Salerno, pontuados por cenários estonteantes. As localidades desse pedaço da Itália transpiram um algo a mais difícil de ser explicado. Talvez o azul-anil do Mediterrâneo justifique o encanto. Ou o perfume de limão que domina os ambientes. Impossível é ficar indiferente à admirável capacidade de despertar sensações tão intensas.

Se você não vai estar ao volante, um brinde com limoncello, a bebida local, ainda em Sorrento, prepara o espírito antes de cair na estrada sinuosa. Escolha, para tanto, um dos restaurantes no sempre movimentado centrinho, em meio a construções do século XV. Os mirantes são atrações a parte, para serem apreciadas com calma. Dias de tempo bom permitem avistar a badalada Ilha de Capri e a Baía de Nápoles.

Em qualquer esquina você pode comprar os artigos típicos de Sorrento. Então, é hora de encarar a Costiera.

Certa habilidade ao volante é indispensável para dirigir entre as curvas à beira do abismo. Os inflacionados táxis, os ônibus turísticos e as linhas tradicionais, usadas por moradores, são alternativas - que pedem um pouco de paciência, mas funcionam. No caminho, desfilam paisagens capazes de explicar por que a região é tão procurada por casais em lua de mel. Estar sozinho neste momento vai fazer você querer pular de um penhasco.

A estrada se transforma em uma estreitíssima rua antes que seja possível manobrar o carro. No meio de uma confusão, multidões de pedestres e outro bom tanto de motoristas disputam cada canto de Positano, um dos endereços mais exclusivos da Costa Amalfitana.

A surpreendente cidade parece ter sido construída na vertical, tal a quantidade de escadas, rampas e descidas bruscas entre as ruelas muito íngremes. As casas dão a sensação de que podem escorregar para as profundezas do Mediterrâneo a qualquer momento. Incrustadas no morro, as construções compõem o cenário mais fotogênico de toda a costa.

Ainda que o objetivo seja alcançar o mar, a caminhada deve ser lenta o suficiente para permitir a observação dos túneis verdes pelas vias de pedra. A vegetação farta alivia o calor. Lojas, artesãos, vitrines de doces e embutidos despertam a atenção. As pernas estarão cansadas na chegada à praia de pedrinhas - nada que abale a certeza de que é bom estar em Positano.

Tão bom que a despedida é difícil. Mas a próxima parada, Amalfi, está logo adiante. A maior cidade da região tem uma modesta enseada e um pequeno calçadão. O lindo Domo do século 10 é o cartão-postal. Sua fachada colorida e detalhada, do século 13, é alvo de flashes e da disposição de todos de ficar por ali. Conquiste a tapas a sua mesa de um dos cafés e permita-se descansar e contemplar.

Tampouco resista se bater a vontade de se perder pelas ruazinhas cheia de tentações. Cerâmicas coloridas e resmas de tomates secos (mais vitaminados e vermelhos, garantem os locais) são as mais frequentes.

A Costiera leva ainda a Ravello, Praiano, Atrani, Minori e, enfim, Salerno. Mas dê tempo ao tempo. E, simplesmente pare por aqui e sinta a brisa, sem pressa...

 

Texto retirado do Jornal Gazeta do Povo.

 

Uau... quero ir pra lá assim que possível viuu coração do meu mundo? Que tal após 12/12/2012?



A moça tecelã - Marina Colasanti

 

A Moça Tecelã

Marina Colasanti

 

  Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo, sentava-se ao tear.

  Linha clara, para começar o dia. Delicado traço de luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.

  Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.

  Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.

  Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.

  Assim, jogando a lançadeira de um lado para o outro e batendo os grandes pentes do tear para a frente e para trás, a moça passava seus dias.

  Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila.

  Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

  Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou como seria bom ter um marido ao lado.

  Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponta dos sapatos, quando bateram à porta.

  Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma e foi entrando na sua vida.

  Aquela noite, deitada contra o ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.

  E feliz foi, por algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque, descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele lhe poderia dar.

  -  Uma casa maior é necessária - disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.

  Mas pronta a casa, já não lhe parecia suficiente. - Por que ter casa, se podemos ter palácio? - perguntou. Sem querer resposta, imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates de prata.

  Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas e pátios e escadas, e salas se poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.

  Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.

  - É para que ninguém saiba do tapete - disse. E antes de trancar a porta a chave advertiu: - Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!

   Sem descanço tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.

   E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou como seria bom estar sozinha de novo.

  Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com as novas exigências. E descalça para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.

  Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e, jogando-a veloz de um lado para outro, começou a desfazer seus tecidos. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.

  A noite acabava quando o marido, estranhando a cama dura, acordou, e espantado olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.

  Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.

 

Livro: Dois reis e a moça no labirinto do vento. Rio de Janeiro. Nórdica, 1982. p.12-6. Marina Colasanti.

 

domingo, 15 de julho de 2012

Minha casa!

"Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
...
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar."
(Carlos Drummond de Andrade)

 

Minha casaaa tem tudo isso! É aquela bagunça que está em perfeita ordem, sei exatamente onde tudo está! hauhuah

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Religião

" Olhar para o alto.

tão alto que se tenha

um torcicolo eterno

e nunca mais se possa

olhar direto para o próximo."

 

Ulisses Tavares

Pai e Filha


"ensino minha filha a falar

ela me ensina a grunhir

ensino minha filha a crescer

ela só me faz diminuir

quando ela for embora

chorarei como criança

ouvindo deste senil

pai, não seja tão infantil"

 

Ricardo Silvestrin

DE CABEÇA


" Diante do amor,

sempre mergulho,

mesmo quando sai ferido meu orgulho,

já que nem sempre a exibição agrada.

É que às vezes esperam de mim um belo salto,

e eu só consigo cair de barrigada..."

 

Leila Miccolis

Chance


" dêem uma chance à paz

mas não esqueçam a arte de guerrear,

pois a vida anda distraída

como os pedaços desta canção.

dêem uma chance para mim mesmo

que guardo o tricô da minha avó

e as histórias reinventadas

na bengala mágica do meu avô. 

dêem uma chance ao silêncio

e parem de encher o saco

das crianças que brincam nas ruas

e querem apenas a lição do vento. 

 dêem uma chance ao mundo

acreditando nos versos do poema

e tirem do coração um beijo

para quem pensa que a alma é pequena."


Mário Pirata

 



Relógio do mundo!



"os que fazem amor não estão fazendo apenas amor: estão dando corda ao relógio do mundo."

Mário Quintana

Cicatrizes

"O que o tempo prepara
não se esconde:
vai sulcando tua cara!"
Touché

Adoro esta frase, e adoro a imagem deste post! A frase é do Poeta brasileiro Touché, e a imagem é do Sr. Scrooge. O Sr. Scrooge é o personagem principal da animação "Os Fantasmas de Scrooge", excelente! Já assisti algumas vezes, e sempre tenho vontade de rever! Fica a dica!

Sexta Feira 13!


Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta.
De sol quando acorda.
De flor quando ri.

Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda.

Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça.
Lambuzando o queixo de sorvete.
Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher.

O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.
Tem gente que tem cheiro de colo de Deus.

De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul.
Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e
que alguns são invisíveis.

Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo.
Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso.

Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra

Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza.

Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria.
Recebendo um buquê de carinhos.
Abraçando um filhote de urso panda.
Tocando com os olhos os olhos da paz.

Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa.
Do brinquedo que a gente não largava.
Do acalanto que o silêncio canta.
De passeio no jardim

Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo.

Corre em outras veias.
Pulsa em outro lugar!

Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos, Deus está conosco, juntinho ao nosso lado.
E a gente ri grande que nem menino arteiro

Tem gente como você, Diego Ricardo Lopes Venâncio, que nem percebe como tem a alma Perfumada!


Então... Bora morar comigo em uma casa com quintal?

Te Amo gato de botas...

Feliz Sexta Feira 13!










Recantos Curitibanos


Segunda-feira, dia 09/07/2012, eu e o meu amor fomos visitar a livraria e editora Arte e Letra, no Batel, atrás da Casa de Pedra (R.: Presidente Taunay, 130, fundos). Indicada pela Gazeta do Povo como um dos recantos curitibanos que todos devem conhecer, ela é assim como na descrição, "pequena e tranquila". Com acervo de livros alternativos, e edições que não são facilmente encontradas por aí, tem um ambiente delicioso para uma leitura, uma navegada pela internet, e um café! Estavamos ansiosos pelo café, e também famintos, ambos pedimos um café e um pedaço de quiche. O meu pedaço de quiche de queijo e tomate cereja estava delicioso, e o do Di, de alho poró também estava ótimo! Os cafés achei pequenos e mornos, mas não sei se é o meu gosto, pois eu amo cafés pelando de quente e em xícaras bem grandess! Bom estava tudo muito bom.. tudo muito bem... até que na hora de pagar os R$26,00 foi uma facadinha no coração! O lugar é ótimo, mas conselho meu, quando forem não esqueçam de tomar café antes!



domingo, 8 de julho de 2012

Leitura é tudo!


"Quem não lê, só fica por dentro do que está por fora!!"
Livro: Koan Do  Como  Onde - Saboro Nossuco (Antonio Thadeu Wojclechowski)

Existem algumas palavras que eu amo ler! Elas me levam a momentos únicos de quando eu era criança, da casa dos meus pais, dos meus avós...Hoje eu li a palavra corruíra, aiiii que saudades da casa da minha mãe, povoada de corruíras... amo aqueles pássaros pequeninos, que mais saltitam do que voam.. Se esgueiram pelos muros, arbustos, árvores... fazem ninhos onde menos se espera... e são adoráveis! Palavras.... elas são máquinas do tempo! Nos levam para todos os lugares!

Céu e Inferno


"Ho Lin, desde que nasceu, assombrou a todos pelas aptidões físicas, intelectuais, bom humor e gentileza. Os que acompanharam sua infância e juventude previam para ele um grandioso futuro. Tornou-se samurai e atingiu a excelência máxima nos manejos de armas, argumentos e técnicas d eluta corporal. Mas não só isso: era dotado de profundo talento nas artes da caligrafia, do chá e do convívio.
Rapidamente ficou famoso em todo o oriente e tornou-se o número 1 do imperador. Mas quis o destino que, no dia seguinte à cerimônia no palácio, Ho Lin pensasse no significado de céu e inferno. Atirou-se sobre os livros e sobre os mestres, com sofreguidão insaciável. Quanto mais se aprofundava, mais se deprimia e desesperava. Começou a beber, a frequentar prostíbulos e, em pouco tempo, havia se transformado num farrapo humano.
Certa manhã um de seus mestres na juventude o encontrou dormindo na sarjeta, barbudo, sujo, todo mijado e cagado. Apiedou-se e o levou à sua casa, onde os criados providenciaram banho, corte do cabelo e da barba, uma belíssima espada nova, roupas limpas e cheirosas.
- O que aconteceu, Ho Lin? Tenho ouvido as mais escabrosas histórias a seu respeito.
- Mestre Wu Huen, desde que me veio à cabeça a dúvida sobre o significado de céu e inferno, minha vida perdeu o sentido.
- Só isso?
- Só.
- ...!
- Diga-me então, Mestre Wu, por favor.
- Ah, eu não vou dizer o que é céu e inferno prum filho de uma puta, um porco degenerado, lazarento como você!
Ho Lin, ouvindo aquilo, reuniu todas as forças de sua alma, todo o seu orgulho, todos os treinamentos de seu corpo, toda a indignação do seu coração, puxou a espada e apto à decapitação do mestre, com o golpe, no alto, a caminho, ouve a voz do Mestre:
- Isto é o inferno.
Ho Lin detém a trajetória certeira da espada e, em prantos, se ajoelha diante do Mestre, que o abençoa:
- Este é o céu, Ho Lin."

Livro: Koan Do  Como  Onde - Saboro Nossuco (Antonio Thadeu Wojclechowski)

Quem dera termos mestres que nos façam compreender assim, em pequenas palavras, a grandiosidade deste significado e de tantos outros que nos fazem perder a cabeça!


Sabedoria da Partida


"Mestre Wu Yei tinha 106 anos quando caiu no leito e não levantou mais, até o dia de sua morte. Mas foi durante sua doença que revelou toda a sua sabedoria, delicadeza e bom humor para os amigos e toda a soda cáustica de sua saliva para os que o consideravam um mestre menor. Uma certa tarde de primavera, mestre Wu pediu aos seus discípulos:
- Ponham minha cama do lado de fora da cabana pois quero aproveitar o sol, ouvir os pássaros, o vendo a dedilhar as árvores, a água a impor sua passagem pelas pedras e ver as nuvens projetando desenhos animados na tela da imaginação.
Ninguém entendeu absolutamente nada, pois todos sabiam que mestre Wu, pouco ouvia e há anos tinha perdido a visão, mas o atenderam.
- Aqui está bom, mestre?
- Um pouco mais à esquerda, para aumentar meu raio de visão.
- Aqui?
- Perfeito, não só posso ver melhor como também ouço e sinto perfeitamente.
- Que bom, mestre!
O pequeno grupo, feliz, senta-se aos pés do mestre Wu e, em silêncio, acompanham suas reações e palavras.
O vento, sem perder tempo, em suaves rajadas, refresca o velho sábio. Pássaros pousam nas árvores próximas e dedicam-lhe os mais ternos cantos. As nuvens inquietas dão feição às mais tresloucadas formas e as águas a rolar parecem acompanhar a melodia da tarde. Mestre Wu, sentindo-se forte e rejuvenescido, começou a repartir com todos as suas sensações:
- Quando sou árvore, sinto pudores no outono.
- Quando sou água,  não sinto fome.
- ...??
- Quando sou vento, minha alma se empassarinha toda.
- ...!
- Quando sou montanha, fico com a cabeça nas nuvens.
- ...!!
- Quando sou eu mesmo, sou um pouco de cada um de vocês.
- ...???
- Quando sou mestre, ensino que nada sei.
- ...!!
- Quando sou realidade, olho pra mim e vejo um velho cego, quase surdo e à beira da morte.
- E quando és sonho, Mestre? Sonhas que és jovem?
Perguntam em uníssona dúvida profunda.
- Quando sonho, peço para colocarem minha cama do lado de fora da cabana pois quero aproveitar o sol, ouvir os pássaros, o vento a dedilhar as árvores, a água a impor sua passagem pelas pedras, ver as nuvens projetando desenhos animados na tela da imaginação. E sentir pessoas felizes ao meu lado."

Livro: Koan Do  Como  Onde - Saboro Nossuco (Antonio Thadeu Wojclechowski)

Quisera sermos todos sábios, para aceitarmos a hora da partida, e aproveitar com todas as nossas forças cada momento até que ela chegue!

Tempo....


" - As estrelas estão todas aí há muito tempo, né, Mestre?
- Não sei, acabei de chegar!"

Livro: Koan Do  Como  Onde - Saboro Nossuco (Antonio Thadeu Wojclechowski)

Como Diferenciar?


"Mestre, como diferencias um idiota de uma pessoa comum?
- Não diferencio.
- Por que não?
- Tu te tornarias uma pessao comum."

Saboro Nossuco
Livro: Koan Do  Como  Onde - Saboro Nossuco (Antonio Thadeu Wojclechowski)

Exalai-vos!

"Buda, sentado ao jardim,
admirava um jasmin
e exalava tanto amor
que as borboletas, ao vê-lo assim,
pusavam nele,
não na flor!"
Livro: Koan Do  Como  Onde - Saboro Nossuco (Antonio Thadeu Wojclechowski)
 
Domingo de sol .... dia de curtir passeio na ferinha, almoçar empanadas! Mas tudo isso depois de tomar um café maravilhoso de domingo!

sábado, 7 de julho de 2012

Música de Paralelepípedo.



"Se essa rua, se essa rua fosse minha...Eu andava contra mão!!
Paralelepipedos uni-vos, pra eu voltar a ter os pés no chão!"

Antonio Thadeu Wojciechowski - música: Samba do Meu Ranchão

É Possível?


"Mestre, dá pra tapar o sol do sofrimento com a peneira da felicidade?
      - Não é possível.
Mas a ilusão às vezes faz bem...
      - Não é possível.
Então devemos crer que viver é sofrer?
      - Não é possível.
Mas se nada disso é viável, a morte então é a única saída.
      - Não é possível.
Fiquei confuso mestre.
      - Agora tudo é possível!"




Saboro Nossuco - Livro: Koan Do  Como  Onde.


Hoje é meu primeiro sábado de férias, depois de um longooo semestre onde aconteceuuu de tudo! E para minha completa alegria, é um sábado frio e chuvoso! Adoro estes sábados que nos prendem sob as cobertas, nos fazem tomar litros de líquidos quentinhos e confortáveis... Pois bem, apesar das condições deste sábado, tive algumas movimentações como levar as garotas ao veterinário para vacina antirrábica  (as 9hhhh da matinaa, madrugada quase...), sem tomar café.... (acordamos atrasados!); tomamos um delicioso café em uma panificadora da região que adoramos, chamamos de a panificadora da bolachinha.. pois lá tem uma bolacha de prestígio que adoramos; almoçamos no Aroma (nosso restaurante diário preferido!); e após o almoço, com toda a chuva que caía, fomos na Festa Julina da ONG protetora de cães abandonados TOMBA LATAS! Que estava ótima por sinal! Cãezinhoss lindos e pidonchos por um lar quentinhooooo =(, queríamos levar todos para casa! Tinha quentão, pinhão, doces vários, bandeirinhas, casamento caipira de cachorrooo! (ótimooo) e PESCARIA! Não resistimos a pescaria, que pasmem, estava dificíliiima! De prendas ganhamos um Buda (hauhauha), uma bolinha colorida daquelas que esticam, e o mais legal de todos foi um CD e um livro de autoria do curitibano Antonio Thadeu Wojciechwski. Enquanto escrevo este post, escuto suas músicas, e atualizo o blog com trechos do seu livro Koan Do Como Onde (Saboro Nossuco), muito bom!
E finalizo dizendo que os sábados, frios e chuvosos, com festa julina, pescaria, ótimas prendas, e namoro no sofá... é tudoooooo de melhor nas férias!